segunda-feira, 1 de abril de 2019

Indústrias Criativas: um campo fecundo



Mês de abril. A última postagem nos textos foi feita em janeiro. Não é desatenção, muito menos preguiça. É a correria da vida moderna. Dia 14 de março iniciei o Mestrado em Comunicação e Indústria Criativa pela UNIPAMPA (São Borja). Um sonho se realizando, frente à necessidade de aprendizagem neste mundo hipermoderno, que nos exige conhecimento para superar os obstáculos e atrocidades que estamos vendo por aí. Na disciplina de Linguagem, Comunicação e Indústria Criativa, produziremos resenhas. A primeira vou tentar compartilhar aqui (com adaptações ao blog).

O texto Indústria Criativa: definição, limites e possibilidades, traz uma abordagem geral acerca do fenômeno das Indústrias Criativas, trata da similaridade e diferença entre as Indústrias Criativas e as Culturais e também expõe as possibilidades de investigações nesta área, um campo fecundo, conforme os autores. Ao longo das seções dos textos, encontramos quatro componentes principais destas indústrias: a criatividade como elemento central; a carga de sentidos dos objetos; a transformação em propriedade intelectual e consequentemente em valor econômico dos produtos e a convergência entre artes, negócios e tecnologia. Assim, agrupam-se as características das Indústrias Criativas em três blocos: forma de produção (criatividade, valorização da arte pela arte, uso intenso de tecnologias, uso de equipes polivalentes); características do produto (variedade infinita, diferenciação vertical e perenidade); e características do consumo (consumo de artefatos de cultura, reconstrução mercadológica do consumidor e a instabilidade na demanda). 

Os autores transitam por questões iniciais, como a evolução da humanidade e conceitos básicos do que são estas indústrias, bem como, presenteiam o leitor com reflexões que envolvem o crescimento da Indústria Criativa, as mudanças econômicas, culturais e sociais, a inovação (não só tecnológica), os recursos humanos e o mercado (falando até mesmo dos conflitos que surgem neste contexto).

Foram tratadas as diferenças e semelhanças entre alguns conceitos próximos ao de Indústrias Criativas, a saber: Indústrias de Entretenimento, Indústrias de Conteúdo, Indústrias Culturais e Indústrias de Copyright.  Em todos, são mencionados o caráter imaterial dos bens culturais, a sua intangibilidade, o seu caráter simbólico e a necessidade das redes sociais.

A importância do texto está, basicamente, em mostrar que as IC são uma atividade promissora, reafirmando, mesmo que indiretamente, que nós, profissionais da área da comunicação, podemos melhorá-la na medida em que forem realizados mais estudos e experiências. Uma das sugestões, na conclusão, inclusive, são os estudos de caso sobre o relacionamento, às vezes, conflituoso, entre as dimensões comerciais e artísticas da condução de negócios nas Indústrias Criativas. 

Para os ligados em Comunicação, ambiente organizacional, criatividade e pesquisa, recomenda-se a leitura! Para quem não é da área, mas pode adquirir mais conhecimento, também é uma boa pedida. O texto é interessante sob vários aspectos. O primeiro, por conseguir abordar de forma clara o conceito de Indústria Criativa, apresentando algumas características e trazendo-nos várias definições. O segundo, em fazer o leitor pensar na sua própria história no mundo. Ou seja, em que momento deixamos de ser uma sociedade materialista para pós-materialista? O terceiro em nos aproximar de vários autores, possibilitando afinidades com os mesmos. O quarto por proporcionar uma reflexão a respeito de como nosso fazer profissional está atrelado à questão criativa, levando em conta o viés econômico e inovador. E por último, ele é capaz de provocar muita inquietação e preocupação: o conceito de Indústria Criativa surgiu em 1990 na Austrália, mas, foi na Inglaterra que ocorreu um mapeamento das mesmas surgindo, até mesmo, um Ministério das Indústrias Criativas. E no Brasil, como ficamos diante destes anos de atraso? Engatinha-se, por exemplo, na cultura, com a falta de uma política de Estado e com baixos investimentos. A julgar pelos benefícios que a inovação traz à economia, faz-se necessário ampliar políticas.

Para as organizações, é uma leitura que fala, diretamente, no capital humano. Ou seja, os autores relacionam a Indústria Criativa ao indivíduo. Na sociedade do conhecimento, o reconhecimento é a quem produz. O trabalhador quer viver com autonomia e felicidade, trocando saberes com outras pessoas. Florida (2011) comenta que os profissionais criativos vivem sob valores como a individualidade, diversidade e abertura. O mesmo destaca que os indivíduos estão afastando-se de comportamentos tradicionais, controlando, de forma integral, a própria vida.


Bendassolli, junto dos colegas Thomaz Wood Jr., Charles Kirschbaum e Miguel Pena e Cunha, aborda as Indústrias Criativas e Culturais, demonstrando as poucas publicações em Estudos Organizacionais destes temas, sugestionando, então, mais trabalhos que avaliem aspectos de gestão em Indústrias Criativas, como formulação e realização da estratégia, modelos de gestão e gestão de recursos humanos. 



 O texto resenhado foi:

BENDASSOLLI, P.; JR. WOOD, T.; KIRSCHBAUM, C.; PINA e CUNHA, M. Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades. RAE, v.49, n,1. São Paulo: jan/mar. 2009


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