Mês de abril. A última postagem nos textos foi feita em
janeiro. Não é desatenção, muito menos preguiça. É a correria da vida moderna. Dia
14 de março iniciei o Mestrado em Comunicação e Indústria Criativa pela
UNIPAMPA (São Borja). Um sonho se realizando, frente à necessidade de
aprendizagem neste mundo hipermoderno, que nos exige conhecimento para superar
os obstáculos e atrocidades que estamos vendo por aí. Na disciplina de
Linguagem, Comunicação e Indústria Criativa, produziremos resenhas. A primeira
vou tentar compartilhar aqui (com adaptações ao blog).
O texto Indústria
Criativa: definição, limites e possibilidades, traz uma abordagem geral
acerca do fenômeno das Indústrias Criativas, trata da similaridade e diferença
entre as Indústrias Criativas e as Culturais e também expõe as possibilidades
de investigações nesta área, um campo fecundo, conforme os autores. Ao longo
das seções dos textos, encontramos quatro componentes principais destas
indústrias: a criatividade como elemento central; a carga de sentidos dos
objetos; a transformação em propriedade intelectual e consequentemente em valor
econômico dos produtos e a convergência entre artes, negócios e tecnologia.
Assim, agrupam-se as características das Indústrias Criativas em três blocos:
forma de produção (criatividade, valorização da arte pela arte, uso intenso de
tecnologias, uso de equipes polivalentes); características do produto
(variedade infinita, diferenciação vertical e perenidade); e características do
consumo (consumo de artefatos de cultura, reconstrução mercadológica do
consumidor e a instabilidade na demanda).
Os autores transitam por questões
iniciais, como a evolução da humanidade e conceitos básicos do que são estas
indústrias, bem como, presenteiam o leitor com reflexões que envolvem o
crescimento da Indústria Criativa, as mudanças econômicas, culturais e sociais,
a inovação (não só tecnológica), os recursos humanos e o mercado (falando até
mesmo dos conflitos que surgem neste contexto).
Foram tratadas as diferenças e semelhanças entre alguns
conceitos próximos ao de Indústrias Criativas, a saber: Indústrias de
Entretenimento, Indústrias de Conteúdo, Indústrias Culturais e Indústrias de Copyright. Em todos, são mencionados o caráter imaterial
dos bens culturais, a sua intangibilidade, o seu caráter simbólico e a
necessidade das redes sociais.
A importância do texto está, basicamente, em mostrar que as
IC são uma atividade promissora, reafirmando, mesmo que indiretamente, que nós,
profissionais da área da comunicação, podemos melhorá-la na medida em que forem
realizados mais estudos e experiências. Uma das sugestões, na conclusão,
inclusive, são os estudos de caso sobre o relacionamento, às vezes,
conflituoso, entre as dimensões comerciais e artísticas da condução de negócios
nas Indústrias Criativas.
Para os ligados em Comunicação, ambiente organizacional,
criatividade e pesquisa, recomenda-se a leitura! Para quem não é da área, mas
pode adquirir mais conhecimento, também é uma boa pedida. O texto é
interessante sob vários aspectos. O primeiro, por conseguir abordar de forma
clara o conceito de Indústria Criativa, apresentando algumas características e
trazendo-nos várias definições. O segundo, em fazer o leitor pensar na sua
própria história no mundo. Ou seja, em que momento deixamos de ser uma
sociedade materialista para pós-materialista? O terceiro em nos aproximar de
vários autores, possibilitando afinidades com os mesmos. O quarto por
proporcionar uma reflexão a respeito de como nosso fazer profissional está
atrelado à questão criativa, levando em conta o viés econômico e inovador. E
por último, ele é capaz de provocar muita inquietação e preocupação: o conceito
de Indústria Criativa surgiu em 1990 na Austrália, mas, foi na Inglaterra que
ocorreu um mapeamento das mesmas surgindo, até mesmo, um Ministério das Indústrias
Criativas. E no Brasil, como ficamos diante destes anos de atraso?
Engatinha-se, por exemplo, na cultura, com a falta de uma política de Estado e
com baixos investimentos. A julgar pelos benefícios que a inovação traz à
economia, faz-se necessário ampliar políticas.
Para as organizações, é uma leitura que fala, diretamente, no
capital humano. Ou seja, os autores relacionam a Indústria Criativa ao
indivíduo. Na sociedade do conhecimento, o reconhecimento é a quem produz. O
trabalhador quer viver com autonomia e felicidade, trocando saberes com outras
pessoas. Florida (2011) comenta que os profissionais criativos vivem sob
valores como a individualidade, diversidade e abertura. O mesmo destaca que os
indivíduos estão afastando-se de comportamentos tradicionais, controlando, de
forma integral, a própria vida.
Bendassolli, junto dos colegas Thomaz Wood Jr., Charles
Kirschbaum e Miguel Pena e Cunha, aborda as Indústrias Criativas e Culturais,
demonstrando as poucas publicações em Estudos Organizacionais destes temas,
sugestionando, então, mais trabalhos que avaliem aspectos de gestão em
Indústrias Criativas, como formulação e realização da estratégia, modelos de
gestão e gestão de recursos humanos.
BENDASSOLLI, P.; JR. WOOD, T.; KIRSCHBAUM, C.; PINA e
CUNHA, M. Indústrias criativas:
definição, limites e possibilidades. RAE, v.49, n,1. São Paulo: jan/mar. 2009
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