terça-feira, 21 de maio de 2019

Pequenas resistências do cotidiano


Prestes a completar os meus 35 aninhos e no auge da juventude, porque eu não acredito em idade e sim na conexão do nosso espírito com o mundo, me pego a refletir sobre tanto, tudo, todos e mais sobre a mim mesma.

Os acontecimentos políticos deste último ano modificaram muitas relações. Talvez tenha sido uma forma de lançar luzes sobre assuntos, fatos, demandas, sonhos, que, por ora, estavam engavetados, ou, no bombardeio midiático que caracteriza nossos tempos, passavam despercebidos, sem ganhar uma curtida, comentário, compartilhamento, debate. Famílias brigaram, amigos se estranharam, conhecidos discutiram. E, o Brasil, segue aí: em minha opinião, beneficiando quem tem mais em detrimento de quem luta com bastante dificuldade para viver. Tenho uma ideia um tanto simplista sobre política: nossos governantes precisam dar atenção aos empresários, a classes “produtoras”, que, como dizem, levam o Brasil para frente, não é este o discurso? Mas, quem é rico, continuará. Quem tem casa própria, carro na garagem, uma empresa, viaja todo mês, tem filhos em escola particular, precisa de bons governos, mas, isso não é condição para terem uma vida boa, eles já têm.

Vivemos tempos de extremismos, a ideia do oito ou oitenta nunca valeu tanto. Ou se é Bolsonaro ou se é comunista. Ou se é direita ou se é PT. É de universidade pública? Só festa. O Brasil, tão diverso, plural, gigantesco, se reduz a um enfraquecimento coletivo de consciência, empatia, conhecimento. Uns gritam demais, outros, encontram-se apáticos frente a tantas situações.

O que mais decepciona não é só a corrupção dos políticos. Contra? Todos somos. São os “cambalachos” sutis da nossa sociedade. É o emprego arrumado por questão política. É o salário alto por questão de afinidade. É o rico querendo ganhar itens de graça fazendo seus dribles burocráticos.  Isso se traduz em desesperança para acreditar em um espaço melhor, mais tolerante, diversificado, com abertura a novas ideias, novas pessoas, novas possibilidades.

Persevero na área da Comunicação. Amo, admiro, entendo ser vital para a sociedade, tanto, que o Jornalismo é intitulado como quarto poder. Mesmo que estejamos passando por mudanças que nos induzem à resiliência, é preciso acreditar. Não se pode largar uma profissão assim, porque o mercado não colabora, o mundo não entende, as pessoas não captam a sua importância.

O Jornalismo está dentro da esfera das Indústrias Criativas e isso remete a dizer que a criatividade é o insumo básico para o trabalho. No dia a dia da minha profissão, procuro atuar com princípios básicos do Jornalismo, acrescentando fatores como sensibilidade, criatividade, empatia e capacidade de organização/planejamento. Poucos são os que entendem a significância disso e o quanto o produto do Jornalismo-  a informação (quando bem trabalhada)-  tem valor.

Já imaginou o seu cotidiano sem a Comunicação? Falo da Comunicação dos meios tradicionais e digitais. Imagine um acontecimento ‘daqueles’ sem a possibilidade de virar notícia? E, quem é que está ali atrás produzindo, apurando, escrevendo, fotografando, fazendo mediações? É o jornalista. Tão lembrado em momentos ruins nas organizações (porque ele tem que ajudar muitos espaços a se reerguerem através da Comunicação), e tão escanteado em momentos de glória. Sei que faço um recorte dramático do momento, mas é necessário.

Porém, neste Brasil que eu falava lá em cima, de laços mais fracos, de verdades oprimidas, de mentiras calculadas, de vaidades extremadas, de aparências que enganam, cabe acreditarmos que as pequenas resistências do dia a dia colaborarão com um cotidiano mais saudável e alegre. A alegria, a inclusão, a criação, a igualdade, movem o mundo.

Continuemos!

Ideias!