Prestes a completar os meus 35 aninhos e no auge da juventude,
porque eu não acredito em idade e sim na conexão do nosso espírito com o mundo,
me pego a refletir sobre tanto, tudo, todos e mais sobre a mim mesma.
Os acontecimentos políticos deste último ano modificaram
muitas relações. Talvez tenha sido uma forma de lançar luzes sobre assuntos,
fatos, demandas, sonhos, que, por ora, estavam engavetados, ou, no bombardeio
midiático que caracteriza nossos tempos, passavam despercebidos, sem ganhar uma
curtida, comentário, compartilhamento, debate. Famílias brigaram, amigos se
estranharam, conhecidos discutiram. E, o Brasil, segue aí: em minha opinião,
beneficiando quem tem mais em detrimento de quem luta com bastante dificuldade
para viver. Tenho uma ideia um tanto simplista sobre política: nossos
governantes precisam dar atenção aos empresários, a classes “produtoras”, que,
como dizem, levam o Brasil para frente, não é este o discurso? Mas, quem é
rico, continuará. Quem tem casa própria, carro na garagem, uma empresa, viaja
todo mês, tem filhos em escola particular, precisa de bons governos, mas, isso
não é condição para terem uma vida boa, eles já têm.
Vivemos tempos de extremismos, a ideia do oito ou oitenta
nunca valeu tanto. Ou se é Bolsonaro ou se é comunista. Ou se é direita ou se é
PT. É de universidade pública? Só festa. O Brasil, tão diverso, plural,
gigantesco, se reduz a um enfraquecimento coletivo de consciência, empatia,
conhecimento. Uns gritam demais, outros, encontram-se apáticos frente a tantas
situações.
O que mais decepciona não é só a corrupção dos políticos. Contra?
Todos somos. São os “cambalachos” sutis da nossa sociedade. É o emprego
arrumado por questão política. É o salário alto por questão de afinidade. É o
rico querendo ganhar itens de graça fazendo seus dribles burocráticos. Isso se traduz em desesperança para acreditar
em um espaço melhor, mais tolerante, diversificado, com abertura a novas
ideias, novas pessoas, novas possibilidades.
Persevero na área da Comunicação. Amo, admiro, entendo ser vital
para a sociedade, tanto, que o Jornalismo é intitulado como quarto poder. Mesmo
que estejamos passando por mudanças que nos induzem à resiliência, é preciso
acreditar. Não se pode largar uma profissão assim, porque o mercado não
colabora, o mundo não entende, as pessoas não captam a sua importância.
O Jornalismo está dentro da esfera das Indústrias Criativas e
isso remete a dizer que a criatividade é o insumo básico para o trabalho. No dia
a dia da minha profissão, procuro atuar com princípios básicos do Jornalismo,
acrescentando fatores como sensibilidade, criatividade, empatia e capacidade de
organização/planejamento. Poucos são os que entendem a significância disso e o quanto
o produto do Jornalismo- a informação
(quando bem trabalhada)- tem valor.
Já imaginou o seu cotidiano sem a Comunicação? Falo da
Comunicação dos meios tradicionais e digitais. Imagine um acontecimento ‘daqueles’
sem a possibilidade de virar notícia? E, quem é que está ali atrás produzindo,
apurando, escrevendo, fotografando, fazendo mediações? É o jornalista. Tão lembrado
em momentos ruins nas organizações (porque ele tem que ajudar muitos espaços a se
reerguerem através da Comunicação), e tão escanteado em momentos de glória. Sei
que faço um recorte dramático do momento, mas é necessário.
Porém, neste Brasil que eu falava lá em cima, de laços mais
fracos, de verdades oprimidas, de mentiras calculadas, de vaidades extremadas,
de aparências que enganam, cabe acreditarmos que as pequenas resistências do
dia a dia colaborarão com um cotidiano mais saudável e alegre. A alegria, a
inclusão, a criação, a igualdade, movem o mundo.
Continuemos!