quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Dica de leitura: Tecendo a Vida em Contos e Crônicas


Quando nos encontramos com amigos e familiares e passamos a relembrar as histórias da infância, impossível o momento não terminar em muita risada. Furtar algo da geladeira, inventar uma mentirinha aos pais, subir em um local proibido. Travessuras que na época eram terríveis em nossa cabeça infantil. Hoje, ao vermos desvios em verbas públicas, assédios, mortes violentas, percebemos que as histórias que ficaram para trás são a marca da inocência, deixando muita saudade e sorrisos. O livro de Dirceu Luiz Alberti, professor universitário, traz passagens cômicas e empolgantes da infância, em que tu fica pensando: qual desfecho isso terá?

O Tecendo a Vida em Contos e Crônicas, lançado em novembro na Feira do Livro de Santiago, estava na minha fila (fila de leitura e de comida são boas). Li ele ontem e asseguro a leveza e simplicidade da obra, fugindo de linguagem técnica ou rebuscada. É como se estivéssemos numa roda de conversa num domingo, tomando uma caipirinha, fazendo aquele churrasquinho e ouvindo boas histórias.

As passagens engraçadas da infância denotam uma harmonia familiar e uma afetividade intensa. Mostra como era possível trabalhar, ter disciplina e brincar. A parte do seminário me emocionou, pois, apesar do rigor e exigências, sei que é uma fase de muita amizade e direcionamento profissional e pessoal. As histórias enquanto professor da URI (onde também trabalhei por seis anos) demonstram que a docência é cheia de desafios, encantos, problemas, risos. Já os textos relativos à natureza descrevem algo que é muito superior a nós. Penso como o professor: a natureza é a protagonista do universo. É uma perfeição. O vento, os galhos, a água, as pedras, os animais, as flores. Faltam palavras, sobram sensações.

“Se assim está ordenado, por que reclamamos tanto das chuvas, ventos e granizos? Não seriam os humanos, insanos intrusos nesse ciclo maravilhoso que a natureza põe em movimento? Nas enchentes, não estariam os rios fazendo uma limpeza geral em seus leitos para depurá-los de nosso mal feito, renovando as águas fétidas lançadas em si pelos homens? Por que não aceitar que a natureza continue ditando as regras, no jogo da vida? Por que nos distanciamos tanto dessa ordem universal, criando um mundo paralelo, antropocêntrico, predador de outros mundos? Teríamos perdido a nossa racionalidade original que estava integrada aos mistérios cósmicos e com ele interagia harmoniosamente?”. Este é um trecho do texto Arranjos da Natureza.

Cada história contada termina de forma satisfatória. Algumas fazem constatações para a vida, às vezes, relacionando fatos passados com o mundo atual. É possível absorver dicas e conselhos nas linhas do Tecendo a Vida (aí está a maravilha da leitura).

Dirceu é natural de Tucunduva. Com 14 anos, ingressou no Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Corupá, Santa Catarina. Mudou-se para Santiago em 1983. Foi em 1984 que surgiu a oportunidade de atuar na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIS).

Projeto editorial da Oliveira Casa Editorial, o livro contém 107 páginas e pode ser adquirido no Me Gusta, em frente à pracinha de brinquedos, em Santiago. O prefácio é do renomado professor Jorge Luiz da Cunha. 

Conversei com o autor sobre o livro: “Fico muito feliz que você gostou da leitura. Este retorno é importantíssimo para quem escreve”.

Colocar histórias no papel é uma forma de se autoconhecer. É a chance de relembrar momentos, sentir saudade, pensar no presente, lembrar das pessoas que por nós passaram. Algumas histórias, que estavam em uma gaveta bem guardada da nossa cabeça, podem parar nas mãos de quem nem nos conhece ou jamais imaginara termos vivido aquilo. Aí está uma forma de se identificar com o outro, conectar-se, tecer a vida.




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