Conheci Juju há uns oito anos. Foi largada em uma
granja perto do Capão do Cipó. Minha cunhada a recolheu e perguntou se minha
mãe não queria acolhê-la. Seu nome era Julieta, mas, foi simplificado para não
causar atritos com a vizinhança caso alguém tivesse este nome. Juju tinha sido
maltratada ou atropelada, não sei bem, mas, adquiriu um machucado incurável na boca.
Minha mãe chegou a fazer cirurgia para corrigir um pouco. Este problema
ocasionava muitos espirros e não era qualquer comida que podíamos dar para a
Juju.
Juju era uma fera. Baixinha e invocada. Era delicada
e caprichosa. No pátio da casa da mãe, gatos nunca mais ousaram entrar. Ratos e
raposas eram seu alvo. Até uma galinha que pulou no pátio se viu em apuros com
a temida Juju. Quando a gente chegava, ela corria para sua caminha e acenava
com o rabinho. Ela gostava de passeios, de ir na pracinha que fica em frente à
casa e odiava a solidão. Quando a mãe ia viajar Juju fazia guerra de fome.
Pegava todos seus cobertores e levava para o pátio como forma de protesto.
Morei por cerca de seis anos com minha mãe antes de
me mudar. Minha relação com Juju sempre foi de carinho, amizade, brincadeiras.
Fui embora da casa da minha mãe mas Juju seguia sendo um pouco minha. Igual ao
quarto da casa da mãe que nunca deixa de ser nosso, sabe?
Juju, muito atrevida e faceira, foi dar um passeio num
fim de semana, mas uma fatalidade a tirou do nosso convívio. As noites tem sido
estranhas. Morando na rua ao fundo da casa de minha mãe, já não escuto o latido
da Juju, este era inconfundível. Aquele pequeno grande animal deixou um vazio.
Ele era uma companhia diária e o símbolo do amor.
Apesar do desconsolo, penso que o santo protetor dos
animais, a protegeu muito. Em todas as suas caçadas noturnas no pátio, Juju
sempre saiu ilesa. Foi vítima de abandono. Enfrentou cirurgias. Vai ver, o
destino reservou uma briga daquelas, em que ela não sairia vitoriosa.
A gente mesmo acaba procurando consolo. Cheguei a imaginar um céu azul cheio de animais que já partiram. Criei um cenário com a Juju, com toda aquela estatura de uma Cofap, latindo, chamando a atenção e marcando seu território.
A gente mesmo acaba procurando consolo. Cheguei a imaginar um céu azul cheio de animais que já partiram. Criei um cenário com a Juju, com toda aquela estatura de uma Cofap, latindo, chamando a atenção e marcando seu território.
Ensinamentos de Juju:
Defenda seu espaço, sem nunca perder a doçura.
Tenha coragem, mesmo nas noites mais escuras.
*Apenas agora consegui postar algo, devido à tristeza sentida.
*É um texto em homenagem à Juju e a todos os bichinhos que nos conquistam com seu amor e valentia.
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