segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Deixa eu sair da sua tribo?


As pessoas são diferentes e não esculhambadores, marginais, compliquentos (são muitos rótulos)


A vida é um eterno “driblar”. Driblamos saúde precária, educação do senso comum, violência crescente, corrupção alarmante. Meu discurso generalista, porém, permite-me percorrer mais discussões: - médicos que fazem cirurgias por plano de saúde mas cobram por fora; profissionais que “matam” pelo descaso; hospitais sem verba. (com exceções)

-Universidades, que, pela pressão econômica vivida, afastaram-se do “senso crítico”, perdendo a chance de construírem conhecimento com os indivíduos, para que, emancipados, tenham liberdade em suas opiniões, decisões, sonhos.

-Violência que, não cresce pela “bagacerada” que anda solta por aí, como dizem alguns. Cresce pelo tráfico de drogas, comandado pela elite, por muitos políticos. Violência que pode ser física, verbal, sexual, psicológica; os que cometem encontram respaldo na sociedade doente em que vivemos, aquela que diz “bandido bom é bandido morto” mas isso só vale para alguns. Ou o filho de papai que, bêbado, atropelou alguém e matou não é um bandido? Violência é dizer que não precisa de cultura, de artistas, de incentivos a eles. Combinamos o seguinte: largue a sua novela, não vá mais a shows, afaste-se de festivais, não ouça mais música. A sociedade vai mal porque enxerga na cultura um problema e não um investimento.  

-Corrupção que, é algo inaceitável no governo, com dinheiro público, mas é permitida com o gato na energia (o valor depois é pago por todos nós), no furo na fila, com o imposto sonegado, com o roubo dos itens da carga do caminhão acidentado.  

O mundo merece ser habitado pelos cidadãos de bem. Quem? O homem que valoriza a família mas tem outras mulheres? O magnata que bate na mulher mas pede para a polícia abafar para não sair nos jornais? O jovem classe média que cheira cocaína na boate mas que chama de drogado o maconheiro da esquina? Aqueles que “não tem nada contra” mas fazem piadas contra negros e gays?

Estamos em uma cidade “boa de se viver”. Característica meio normal entre cidades de porte pequeno/médio. Temos saneamento, segurança, educação, saúde, limpeza urbana. Tentamos ter inovação/criatividade na economia. Mas, estamos agarrados à princípios conservadores: ainda somos regidos pelo partidarismo, com forte tendência à exclusão. Trabalhamos pouco pelo conhecimento, liberdade, geração de emprego, desenvolvimento humano. Nossos jovens tem poucas perspectivas. Apesar de termos ações benéficas em vários campos, as coisas não são coesas e quem participa delas, muitas vezes, são os mesmos. Talvez, esta seja uma frase tão pronunciada em cidades menores: ‘sempre os mesmos’.

Tentativas de ir atrás de cases de sucesso, em outras regiões, claro que não são em vão. Mas, como estão as nossas demandas locais? Existem municípios prósperos e com abertura mental que podem servir de exemplo a nós. A tolerância, talento e tecnologia formam cidades melhores (mais criativas, desenvolvidas). Em especial, a tolerância, é o aceitar o outro e é valorizar diversidades (sem deboches), o que torna espaços sociais muito mais felizes. A motivação é construída diariamente. Vem de dentro e de fora também. Os fatores externos são muito importantes: nossos governantes e o povo precisam construir uma atmosfera leve, com inovações que dizem pouco sobre produtos, mas sobre processos que possam modificar o modo de ver as coisas.

Ouvimos discursos elogiáveis de pessoas que passaram trabalho na vida e que conquistaram o seu espaço. Parabéns! Sem desmerecer, vivíamos outros tempos. A concorrência era menor, os problemas sociais não tinham a complexidade de hoje. Não se pode querer “podar” as possibilidades surgidas aos que mais precisam porque você conseguiu vencer na vida. Seria uma injustiça com o universo e com o astro rei, afinal, todos merecem um lugar ao Sol.

Nem todos precisam ser da tribo A, podemos ir para a B ou a C. As pessoas são diferentes e não esculhambadores, marginais, compliquentos (são muitos rótulos). Talvez queiram um mundo melhor/uma vida melhor, indo por um caminho diferente. Ninguém quer deboche, exclusão, boicote. Não querem “fingir que está tudo bem”, querem que de fato esteja, e o melhor, para tod@s. Porque, verdadeiramente, quem precisa é aquele que não tem a saúde paga, a educação nos melhores colégios, uma casa luxuosa, fazendas com um largo horizonte.

“O povo precisa ter o que merece”. Falam.Você não é parte dele? Todos 
somos. Merecemos o que então? Que fique na sua consciência a resposta.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ideias!