As pessoas são diferentes e não esculhambadores, marginais, compliquentos (são muitos rótulos)
A vida é um eterno “driblar”. Driblamos saúde
precária, educação do senso comum, violência crescente, corrupção alarmante. Meu
discurso generalista, porém, permite-me percorrer mais discussões: - médicos
que fazem cirurgias por plano de saúde mas cobram por fora; profissionais que “matam”
pelo descaso; hospitais sem verba. (com exceções)
-Universidades, que, pela pressão econômica vivida,
afastaram-se do “senso crítico”, perdendo a chance de construírem conhecimento
com os indivíduos, para que, emancipados, tenham liberdade em suas opiniões,
decisões, sonhos.
-Violência que, não cresce pela “bagacerada” que
anda solta por aí, como dizem alguns. Cresce pelo tráfico de drogas, comandado
pela elite, por muitos políticos. Violência que pode ser física, verbal,
sexual, psicológica; os que cometem encontram respaldo na sociedade doente em
que vivemos, aquela que diz “bandido bom é bandido morto” mas isso só vale para
alguns. Ou o filho de papai que, bêbado, atropelou alguém e matou não é um bandido? Violência
é dizer que não precisa de cultura, de artistas, de incentivos a eles. Combinamos
o seguinte: largue a sua novela, não vá mais a shows, afaste-se de festivais,
não ouça mais música. A sociedade vai mal porque enxerga na cultura um problema
e não um investimento.
-Corrupção que, é algo inaceitável no governo, com
dinheiro público, mas é permitida com o gato na energia (o valor depois é pago
por todos nós), no furo na fila, com o imposto sonegado, com o roubo dos itens
da carga do caminhão acidentado.
O mundo merece ser habitado pelos cidadãos de bem. Quem?
O homem que valoriza a família mas tem outras mulheres? O magnata que bate na
mulher mas pede para a polícia abafar para não sair nos jornais? O jovem classe
média que cheira cocaína na boate mas que chama de drogado o maconheiro da
esquina? Aqueles que “não tem nada contra” mas fazem piadas contra negros e
gays?
Estamos em uma cidade “boa de se viver”. Característica
meio normal entre cidades de porte pequeno/médio. Temos saneamento, segurança,
educação, saúde, limpeza urbana. Tentamos ter inovação/criatividade na
economia. Mas, estamos agarrados à princípios conservadores: ainda somos
regidos pelo partidarismo, com forte tendência à exclusão. Trabalhamos pouco pelo
conhecimento, liberdade, geração de emprego, desenvolvimento humano. Nossos jovens
tem poucas perspectivas. Apesar de termos ações benéficas em vários campos, as
coisas não são coesas e quem participa delas, muitas vezes, são os mesmos. Talvez,
esta seja uma frase tão pronunciada em cidades menores: ‘sempre os mesmos’.
Tentativas de ir atrás de cases de sucesso, em
outras regiões, claro que não são em vão. Mas, como estão as nossas demandas
locais? Existem municípios prósperos e com abertura mental que podem servir de
exemplo a nós. A tolerância, talento e tecnologia formam cidades melhores (mais
criativas, desenvolvidas). Em especial, a tolerância, é o aceitar o outro e é
valorizar diversidades (sem deboches), o que torna espaços sociais muito mais
felizes. A motivação é construída diariamente. Vem de dentro e de fora também. Os
fatores externos são muito importantes: nossos governantes e o povo precisam
construir uma atmosfera leve, com inovações que dizem pouco sobre produtos, mas
sobre processos que possam modificar o modo de ver as coisas.
Ouvimos discursos elogiáveis de pessoas que passaram
trabalho na vida e que conquistaram o seu espaço. Parabéns! Sem desmerecer,
vivíamos outros tempos. A concorrência era menor, os problemas sociais não
tinham a complexidade de hoje. Não se pode querer “podar” as possibilidades
surgidas aos que mais precisam porque você conseguiu vencer na vida. Seria uma
injustiça com o universo e com o astro rei, afinal, todos merecem um lugar
ao Sol.
Nem todos precisam ser da tribo A, podemos ir para a
B ou a C. As pessoas são diferentes e não esculhambadores,
marginais, compliquentos (são muitos rótulos). Talvez queiram um mundo melhor/uma
vida melhor, indo por um caminho diferente. Ninguém quer deboche, exclusão,
boicote. Não querem “fingir que está tudo bem”, querem que de fato esteja, e o
melhor, para tod@s. Porque, verdadeiramente, quem precisa é aquele que não tem
a saúde paga, a educação nos melhores colégios, uma casa luxuosa, fazendas com
um largo horizonte.
“O povo precisa ter o que merece”. Falam.Você não é parte
dele? Todos
somos. Merecemos o que então? Que fique na sua consciência a
resposta.
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